A importância das térmicas para garantir segurança e confiabilidade ao sistema elétrico

Em 2023, o Brasil viveu uma das mais severas ondas de calor dos últimos anos, provocando recorde de consumo de energia elétrica. Em entrevista à jornalista Karina Koppe do podcast Transição Energética, do canal ND+, Xisto Vieira, presidente da Abraget, explicou a importância da geração termelétrica para segurança e confiabilidade do sistema também nesses momentos de maior demanda de energia. Como as térmicas são essenciais mesmo durante períodos em que as condições hidrológicas são favoráveis.

A geração térmica, explicou Xisto, vem para suprir a intermitência das fontes renováveis, especialmente a solar. “Se não tivesse a geração térmica, teríamos que fazer desligamento de carga, o que é contra todos os princípios de suprimento de energia. Isso mostra a importância dessas usinas para segurança do sistema”, alertou.

Em novembro, durante a onda de calor que levou o Brasil a registrar a maior temperatura da sua história, 44,8oC, as termelétricas chegaram a gerar 16 mil MW, montante de energia só inferior ao registrado em 2021, quando o país enfrentou a pior seca dos últimos 90 anos.

Outro exemplo do “poder de segurança” das termelétricas ocorreu no dia 15 de agosto, quando um blecaute deixou sem energia 25 estados e o Distrito Federal. Naquele dia, a geração de 20 mil MW de fontes renováveis no subsistema Nordeste não foi capaz de “segurar” a emergência da abertura de uma linha de transmissão, que é simples. Simulações feitas por consultores da Abraget mostram que, se a UTE Termofortaleza (CE) tivesse sido chamada a gerar com o despacho mínimo de 240MW, não teria ocorrido o blecaute, mesmo realizando o intercâmbio de 13 mil MW para as regiões Sudeste e Centro-Oeste. “Vejam, 240 MW era capaz de segurar o sistema que 20 mil MW de fontes renováveis intermitentes não conseguiram. E, neste caso, os modelos de inversores não teriam influência alguma”, afirma Xisto.

Na conversa, Xisto também explicou a diferença entre máquinas síncronas – ligadas diretamente ao sistema e mais confiáveis – e as não síncronas, e falou sobre o perfil da matriz elétrica brasileira. Em agosto deste ano, por exemplo, 95% da geração no país foi a partir de fontes renováveis. “É um percentual que muitos países não vão alcançar nem em 2050”, comparou Xisto. “Nossa matriz já é verde, o que ela precisa é ser segura, verde e econômica. Esse é o ‘trilema’ que precisa ser observado pelo planejamento: minimizar as emissões, maximizar a confiança e fazer tudo isso ao menor custo para o consumidor.”

Confira a íntegra do podcast neste link: https://lnkd.in/dbRbmkG6



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