Em crise energética global, Brasil mede espaço para usinas térmicas

A crise hídrica enfrentada pelo Brasil em 2021 – a pior seca dos últimos 91 anos — obrigou o país a acionar todas as termelétricas. Agora, o setor tenta definir qual capacidade instalada mínima de usinas térmicas para evitar novos riscos de desabastecimento, de forma a poder sustentar inclusive a expansão das fontes eólica e solar, tão importantes ao meio ambiente.

A Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget) vai iniciar um estudo para dimensionar qual seria o percentual mínimo que o Sistema Interligado precisa do ponto de vista de térmicas no sistema.

Hoje, elas representam quase 16% do parque gerador do Brasil. Em 2021, chegaram a gerar 21 mil MW médios diariamente, pouco mais da metade de todo o consumo do subsistema Sudeste/Centro-Oeste.

“A Abraget entende que a matriz elétrica ideal é a que considera segurança e meio ambiente. A combinação ótima entre diferentes fontes para garantir o abastecimento e o menor impacto ambiental e a mínimos custos”, afirma Xisto Vieira, presidente da Abraget.

O conflito na Ucrânia tem provocado vários alertas na política energética na Europa, colocando a segurança de volta no debate sobre a transição energética.

“No Brasil, a expansão de usinas intermitentes precisa estar amparada por fontes que podem ser despachadas a qualquer momento, como as térmicas. Não podemos repetir aqui o que aconteceu em 2020, na Califórnia, que investiu apenas em renováveis e sofreu blecautes”, conta Xisto.  “Na Europa, os governos estão revisando suas políticas, atentos à necessidade de reforço no parque térmico para suportar a diversificação da matriz”, completa.

Com mais de 40 anos de experiência no setor, Xisto explica que a complementaridade das fontes é uma questão técnica. Só as hidrelétricas e as termelétricas têm capacidade de restabelecimento imediato da carga. Por isso, em todo mundo, essas fontes são a base da segurança do sistema elétrico. “Em 2021, as térmicas garantiram que não faltasse luz. Precisamos estar prontos para enfrentar, quando houver, outros períodos hidrológicos desfavoráveis”, diz Xisto.

A maior participação das térmicas na matriz não deve, na avaliação da Abraget, afetar os compromissos do País com a transição energética e as metas de aquecimento global. “Não existe transição energética sem segurança e resiliência, que será, exatamente, o papel dessas térmicas”, afirma Xisto.

Fonte: Monitor de Mercado. Texto também disponível no endereço:  https://bit.ly/3aIniJi



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