Abraget defende mudanças no atual modelo do setor elétrico

“O modelo atual e a regulação não estão compatíveis com a evolução do sistema elétrico brasileiro (SEB). Temos que mudar o modelo urgentemente, adaptar as novas tecnologias à realidade do Brasil”. É o que declarou o presidente da Abraget (Associação Brasileira dos Geradores Termelétricos), Xisto Vieira Filho, durante suas apresentações no Enase 2024.

Durante o painel “Segurança Eletroenergética – Como potencializar o desenvolvimento econômico sem deixar de lado a prevenção dos recursos hídricos?”, no dia 19, na Plenária Enase, Xisto defendeu uma mudança no modelo atual de leilões para que se consiga contratar hidrelétricas (UHEs), fontes renováveis e novas tecnologias. “Temos que encontrar novos mecanismos para a matriz crescer com confiabilidade. As hidrelétricas, por exemplo, são tão importantes para nossa matriz que deveriam estar em um leilão estruturante”, defendeu Xisto.

Na Arena Enase, no mesmo dia, Xisto explicou, didaticamente, as diferenças entre flexibilidade e confiabilidade. “Há hoje uma confusão ou incompreensão sobre esses dois atributos”, disse Xisto. Na visão do presidente da Abraget, o SEB tem um nível de flexibilidade adequado. “Temos o ONS, com uma equipe de primeira linha; as usinas hidrelétricas, as melhores em qualquer sistema; e as termelétricas a óleo, que têm partida rápida. Se vamos precisar de mais flexibilidade, é preciso saber onde e por quê. Esse é um serviço auxiliar que precisa ser desenvolvido pelo mercado. Já a confiabilidade é um serviço essencial e temos certeza de que a gente precisa. Em um sistema que não atende aos requisitos de segurança elétrica, uma simples contingência no Nordeste pode fazer o sistema elétrico do país inteiro cair. O SEB mudou, mas os princípios básicos de frequência e tensão continuam os mesmos. A confiabilidade é um bem público, que precisa ser assegurado pelo governo”, afirmou.

Confiabilidade, explicou Xisto, é obtida a partir de três fatores: adequacidade, o atendimento a carga 24h/dia; segurança, com estabilidade de frequência e de tensão; e resiliência, a rápida recomposição do sistema. “É um equívoco pensar que confiabilidade é atender a ponta. Temos que suprir 24 por dia, 7 dias por semana”, explicou Xisto.

Outro ponto importante apresentado por Xisto foi quanto à diferença entre as máquinas síncronas e as assíncronas. As primeiras – que compõem hidrelétricas e termelétricas – são ligadas diretamente ao sistema e garantem segurança elétrica por serem estruturas com robustez, grandeza e dimensões  para controle e sistema de porte. As assíncronas – presentes nas usinas renováveis e nas baterias – são ligadas ao sistema por meio de inversores, elementos de eletrônica (de potência) que transformam a geração em corrente contínua para corrente alternada.

Na visão da Abraget, a expansão da matriz elétrica deveria ser feita por meio de quatro tipos de leilões: os de energia, para as fontes renováveis; os estruturantes, para as UHEs sem reservatório; os de confiabilidade, para as termelétricas e UHEs com reservatórios; e os destinados às novas tecnologias, como baterias, eólica offshore, térmicas a hidrogênio ou CCUS (captura e armazenamento de carbono). “Temos espaço para todo mundo na matriz, cada um com seu atributo”, defendeu Xisto.

 



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